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ARTIGO: Regra nº 3 – Decodificando o DNA do Sistema Toyota de Produção (Steven Spear e H. Kent Bowen)

Regra 3: Como é Construída a Linha de Produção

Todas as linhas de produção da Toyota precisam ser construídas para que todos os produtos e serviços sigam uma rota de fluxo simples e especificada. Essa rota não deve ser alterada, exceto se a linha de produção for efetivamente reprojetada. Em princípio, portanto, não há bifurcações ou circuitos que afetem o fluxo em nenhuma das cadeias de suprimento da Toyota. Essa é a terceira regra.

Para termos uma idéia concreta do que isso significa, vamos voltar ao nosso instalador de bancos. Quando precisa de mais tampas de parafuso, ele solicita ao seu fornecedor designado. Este fornecedor solicita as tampas ao seu fornecedor designado na loja da fábrica o qual, por sua vez, solicita as tampas diretamente ao seu fornecedor designado e localizado na doca de embarque da fábrica. Dessa forma, a linha de produção conecta todas as pessoas que participam da produção e da entrega do produto, desde a fábrica da Toyota, passando pela empresa que fabrica as tampas, e chegando mesmo até o fabricante de peletas de plástico.

O que é importante observar é que, quando as linhas de produção são projetadas de acordo com a Regra 3, os produtos e serviços não fluem para a próxima pessoa ou máquina disponível mas sim para uma pessoa ou uma máquina específicas. Quando, por qualquer motivo, essa pessoa ou máquina não está disponível, a Toyota considera esse fato como um problema que talvez exija o reprojeto da linha.

A regra estipulada de que todos os produtos seguem uma rota simples e previamente especificada não significa, entretanto, que cada rota seja dedicada a um único produto. Muito pelo contrário: as linhas de produção das fábricas Toyota geralmente manuseiam muito mais tipos de produtos do que as de outras empresas.

A terceira regra não se aplica somente aos produtos – ela também se aplica aos serviços, como os pedidos de ajuda. Quando o nosso instalador de bancos, por exemplo, precisa de ajuda, ela também vem de um único e designado fornecedor. E quando não pode atendê-lo, esse fornecedor também tem uma pessoa designada para ajudá-lo. Em algumas das fábricas da Toyota, esse caminho para a ajuda tem três, quatro ou cinco conexões, ligando o funcionário da área de produção ao gerente da fábrica.

A terceira regra funciona de forma totalmente oposta ao sistema convencional de linhas de produção e “bancos” de recursos – oposta até à ideia que a maioria das pessoas tem sobre o funcionamento do Sistema Toyota de Produção. De acordo com o conhecimento convencional, à medida que segue pela linha de produção, um produto ou serviço vai para a próxima máquina ou pessoa disponível para que seu processamento continue. Igualmente, a maioria das pessoas assume que a ajuda deve vir da primeira pessoa disponível e não de uma pessoa específica. Em um fornecedor de autopeças que estudamos, por exemplo, muitas das peças podiam ser estampadas em mais de uma prensa e soldadas em mais de uma estação de soldagem. Antes de adotar o sistema Toyota, a prática dessa empresa era passar a peça para a primeira prensa disponível e para o primeiro soldador disponível. Quando mudou seu sistema, sob a orientação da Toyota, cada tipo de peça passou a seguir uma única rota de produção através da fábrica.

Ao exigir que cada rota seja especificada, essa regra garante que toda vez que a rota é usada também acontece um experimento. As hipóteses embutidas na especificação de uma rota e elaboradas segundo a Regra 3 são de que todo fornecedor conectado à rota é necessário, e que todo fornecedor não conectado não é necessário. Se tentassem desviar a produção para outra máquina ou estação de soldagem, ou pedissem ajuda a outras pessoas que não as que lhe haviam sido designadas, os funcionários da citada fabricante de autopeças constatariam que sua exigência ou capacidade reais não atenderiam às suas expectativas. E também que não haveria mais ambiguidades sobre que prensa ou qual soldador deveriam ser acionados. Isso obriga os funcionários a conhecer o projeto da sua linha de produção. Portanto, como as Regras 1 e 2, a Regra 3 permite à Toyota conduzir experimentos e permanecer flexível e capaz de responder aos problemas de imediato.

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